Defenestrado na campanha, o ex-governador João Doria ainda deve custar caro ao PSDB. Ao minar publicamente sua candidatura, os líderes do partido acabaram abrindo mão de um ativo importante para a legenda, sobretudo em São Paulo, já desfalcado com a saída de Geraldo Alckmin. Doria teve sua imagem desconstruída no fogo amigo e, com a dificuldade que tem de gerar empatia no eleitor, terá obstáculos para se manter na pauta nacional. Enquanto isso, seu substituto, Rodrigo Garcia, terá como grande desafio fazer frente aos concorrentes em São Paulo, mesmo com a máquina do Estado. A crise do PSDB é, sem dúvida, anterior ao impasse com Doria: vem da eleição de 2014. O próprio “nascimento” de Doria na campanha de 2016 é um exemplo disso, já que os recursos internos de caciques estavam esgotados. Mas, neste último governo, o partido perdeu sua relevância no Congresso Nacional, se dividindo em temas importantes e fazendo acenos e afagos ao bolsonarismo. A máquina de moer gente nas redes sociais do bolsonarismo, aliás, foi quem fez a cama para que Doria caísse. Justamente um movimento com o qual ele pegou carona para se eleger em 2018.
Tatiana Farah – Direto de São Paulo