Lula teve recepção calorosa no México, de onde voltou ontem. Se encontrou com o presidente Andrés López Obrador, fez discursos no Senado, na Câmara e na assembleia do Morena, o partido do governo, mas sem a repercussão obtida no bem-sucedido giro pela Europa, no ano passado. Ele passou longos minutos rememorando os tempos em que a maioria da América do Sul era governada pela esquerda e elogiou Hugo Chávez (morto em 2013).“Chávez podia ter todos os defeitos do mundo, mas era um homem de coração bom”, disse Lula no Senado mexicano. O que chamou a atenção foram as escassas referências à nova onda de governos de esquerda no subcontinente, alguns deles abertamente críticos à Venezuela, Cuba e Nicarágua, como os de Gabriel Boric (Chile) e Pedro Castillo (Peru). Cresce no PT a percepção de que o partido precisa se libertar da influência de Cuba, desideologizar a política externa e estreitar laços com a jovem e moderna esquerda sulamericana.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo