O PT sabe já faz tempo que Padre Kelmon é linha auxiliar de Jair Bolsonaro, mas mesmo assim Lula, o mais experiente entre os candidatos, perdeu a linha diante do discurso batido anti-petista do “Padre de festa junina”. Apesar disso, a campanha avalia positivamente o desempenho do ex-presidente. Para aliados, Lula foi muito bem no começo do debate, quando a audiência é maior, e o petista respondeu de frente as perguntas sobre corrupção, enquanto Bolsonaro era quem passava a imagem de descontrole. Também avaliaram que Bolsonaro teve chances de partir para o confronto direto com Lula, mas fugiu do embate ao escolher outros candidatos. Segundo pessoas próximas, Lula fez bem em expor o “candidato laranja” de forma enérgica. “Só defende a honra quem a tem”, disse um colaborador. Segundo auxiliares do petista, foi melhor ter extrapolado diante de um nanico mal intencionado do que adotar a postura passiva do debate anterior. A maior preocupação antes do debate era o efeito que o desempenho de Lula provocaria na militância nesta reta final, quando luta para vencer no primeiro turno. E o destempero, de acordo com petistas, ajudou a manter o clima quente entre os apoiadores. Nas redes sociais, a cúpula da campanha explorou o fato de que Lula foi alvo de ataques de todos os demais candidatos. Para reforçar a tese do “candidato laranja” petistas passaram a madrugada tuitando imagens de Kelmon trocando figurinhas com Bolsonaro. Na avaliação de um cacique da campanha, Lula não perdeu votos, mas o debate também não serviu para provocar uma onda que possa reforçar a chance de vitória no domingo.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo