A volta de Lula ao Jornal Nacional depois de 16 anos foi cercada de ansiedade e tensão, mas nenhuma tão grande quanto a possibilidade de o ex-presidente tropeçar na própria língua como aconteceu algumas vezes ao longo da pré-campanha. Lula não cometeu deslizes graves nem gafes. Respondeu, mal ou bem, quase todas as pergunta, com exceção da questão sobre a escolha do PGR. Reforçou em todas as oportunidades o nome de Geraldo Alckmin e o papel que ele terá caso sejam eleitos, fez um aceno ao mercado pregando credibilidade, previsibilidade e estabilidade, enfrentou os temas espinhosos sobre corrupção com certa tranquilidade, seguindo à risca o roteiro traçado pelo comando da campanha. Admitiu os erros de Dilma na economia, mas defendeu o nome da aliada e, de quebra, ainda prometeu renegociar as dívidas das famílias. O ponto baixo foi acusar o agronegócio de ser o responsável pelo desmatamento. Isso deve ampliar a distância com o setor, embora tenha tentado se corrigir no final da resposta. O petista pode não ter feito nenhum gol de placa, mas para quem está ganhando o jogo o resultado da entrevista ficou de bom tamanho.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo