Eduardo Leite se jogou na campanha nacional à Presidência cercado apenas de tucanos do Rio Grande do Sul. Chamou a atenção que nem mesmo o senador Tasso Jereissati e o deputado Aécio Neves ou o ex-senador José Aníbal estivessem ao lado dele na longa entrevista coletiva que o tucano convocou em Porto Alegre para anunciar sua permanência no PSDB e sua saída do governo. Apenas os dois deputados federais tucanos do Estado deram o tom de apoio fora do Rio Grande do Sul. No mais, o time era montado por prefeitos de cidades importantes, mas todas gaúchas. Leite insistiu algumas vezes em dizer que havia um chamado nacional por seu engajamento na eleição, mas não tem conversado com os partidos que têm buscado um nome único na terceira via. A conversa com MDB, União Brasil e Cidadania tem sido pilotada por Bruno Araújo e João Doria. Ele disse ao BAF na coletiva que a carta assinada pelos tucanos que pediram sua permanência era o chamado para ingressar na eleição. No entanto, como o BAF informou hoje, horas antes da coletiva, o ex-presidente FHC defendeu o resultado das prévias. FHC está de repouso por ter fraturado o fêmur e não precisaria se manifestar se não achasse importante dar esse recado a Leite e a seus apoiadores. Não tem a ver com querer ou não Doria na disputa, mas por antever uma disputa que tem cheiro de longa carnificina. Aos jornalistas, Leite disse que optou por ficar no PSDB depois da carta e de conversar com seu pai, um advogado tucano há mais de 30 anos. Mas o que lhe encheu os olhos foi o aceno declarado do partido de lhe dar a liderança nacional e não só a presidência da legenda, o que pode ocorrer este ano ou no ano que vem. Pesou também o temor de que no PSD Leite perdesse relevância e acabasse como linha auxiliar do xadrez político nacional comandado por Gilberto Kassab.
Tatiana Farah – Direto de Porto Alegre