Embora haja pressão interna, a campanha do governador João Doria descarta que o pré-candidato vá desistir, pelo menos agora. A aposta é que, a exemplo do que ocorreu com o Cidadania, o PSDB consiga atrair o MDB e o União Brasil, mesmo que não para uma federação, mas para uma coligação. A estratégia é sufocar a campanha de Moro, fazendo com que perca eventuais aliados na disputa e reduzindo o alcance do ex-juiz e seus recursos financeiros, uma vez que o Podemos é um partido pequeno, com verba menor e pouco tempo de TV. A fala de Doria no BTG Pactual, de que a terceira via deveria se unir e que a Presidência da República não seria um projeto pessoal, foi apenas para ser educado e tentar combater a imagem de personalista do tucano. A imagem do tucano, aliás, é o que mais pesa contra ele nas pesquisas qualitativas internas. Até o “calça apertada” colou no governador. Para os analistas de marketing ouvidos pela BAF, críticas à imagem física de um candidato são mais superficiais e mais fáceis de ser combatidas, mas, no entanto, há pontos graves na imagem construída por Doria, como a de ser traidor do Bolsodoria, que dificilmente podem ser revertidos. Embora os tucanos se animem quando lembram que, em agosto de 2018, Fernando Haddad estava com menos de 5% e acabou no segundo turno, Doria estaria mais para Marta Suplicy do que para Haddad a esta altura do campeonato. As gestões de Marta na prefeitura paulistana e de Doria no Estado são muito mais bem avaliadas do que suas imagens pessoais. De prefeita, ministra e senadora, Marta hoje é secretária low profile da prefeitura que já comandou.
Tatiana Farah – Direto de São Paulo