Para a campanha de Jair Bolsonaro, o resultado do debate da TV Globo foi positivo para ele. Apesar de no início o tom ter se elevado muito, no final o clima se estabilizou e a guerra mudou de eixo, deixando Lula mais exposto. Não há como negar, de acordo com uma das fontes, que a guerra explícita entre Lula e Bolsonaro, no primeiro bloco, não foi bom para ele porque esta troca de farpas, com baixaria, desagrada o público e ajuda a aumentar a rejeição do presidente. O melhor, na avaliação da equipe, é que o temor de que o presidente se descontrolasse completamente, acabou acontecendo com o ex-presidente Lula, que perdeu as estribeiras com o Padre Kelmon. A equipe de campanha evita admitir que o Padre Kelmon tenha feito dobradinha combinada com Bolsonaro, mas isso ficou claro no debate, assim como a ajuda dada ao presidente pelo candidato do Novo, Felipe D’Ávila. A terceirização ao Padre da provocação a Lula foi bem sucedida. Na avaliação de um desses interlocutores, se Lula achava que sairia do debate com a fatura para ser liquidada no primeiro turno, isso não aconteceu. Ainda de acordo com esse assessor, Bolsonaro – apesar de também ter sofrido ataques – conseguiu reforçar o antipetismo e usar a pauta da corrupção para atacar Lula e também a Rede Globo, que era sua obsessão inicial. Falar em Celso Daniel, embora seja um assunto desconhecido de grande parte da população, foi uma estratégia duvidosa para levar o público a pesquisar sobre a morte do ex-prefeito de Santo André. Para a campanha, Bolsonaro foi Bolsonaro. Fugiu das respostas sobre vacina e pandemia e se esquivou de responsabilidade sobre o orçamento secreto. Também não respondeu à pergunta de Soraya Thronicke se respeitaria o resultado das urnas. Ao final, Bolsonaro voltou para seu discurso tradicional, falando de família, Deus, liberdade, aborto, temas que animam seu público fiel.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília