O governador Zema terá a mesma dificuldade do primeiro mandato para privatizar a Cemig. Além da Constituição estadual, que prevê a realização de referendo popular e a aprovação de três quintos da Assembleia Legislativa, os deputados estaduais engavetam desde 2019 o projeto de lei do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) aprovado pelo Ministério da Economia. A questão segue judicializada, com a última liminar favorável a Zema, demonstrando omissão da Assembleia em votar o projeto de urgência. Mas, em julho, os deputados aprovaram uma lei alternativa ao RRF, autorizando o pagamento da dívida em 30 anos, mas sem falar em privatização das estatais. Zema tenta também mudar a Constituição para excluir o referendo. Isso porque as pesquisas mostram rejeição da população à venda da Cemig, cujo lucro, segundo o Dieese, é de R$ 3 bilhões ao ano. CUT e Eletricitários (Cemig emprega 5 mil) engrossam a resistência ao projeto afirmando que Zema, além de vender uma empresa lucrativa, estaria tentando desmontar a companhia, vendendo imóveis e diminuindo a qualidade dos serviços. Mesmo com a nova composição da Assembleia, Zema terá um trabalho árduo para convencer seus aliados a apoiarem um projeto que ainda não tem lastro nos colégios eleitorais que os elegeram. A população mineira tem relação afetiva com a Cemig e, na última empreitada de modernização do Estado, dentro do Programa Luz Para Todos, o serviço de energia atingiu quase a totalidade da população.
Tatiana Farah – Direto de São Paulo
Foto: Gladyson Rodrigues, EM, D.A. Press