As viagens ao Reino Unido (para o velório da Rainha Elizabeth II), e aos Estados Unidos (para a Assembleia Geral da ONU) estão sendo consideradas importantíssimas para a campanha do presidente Jair Bolsonaro. Os públicos que a campanha pretende atingir com as duas viagens são distintos. Em última instância, ambas servirão para tentar desfazer o discurso de que Bolsonaro deixou o Brasil isolado e de que ele não tem prestígio junto à comunidade internacional. Na visita ao Reino Unido, o presidente pretende aparecer ao lado do Rei Charles III. Ele está convidado para a recepção oferecida aos chefes de Estado que irão ao funeral. Esta imagem, segundo a campanha, servirá para ajudar em uma superexposição do presidente nas mídias no Brasil e poderá influenciar as classes C e D e populações mais carentes, que verão um presidente prestigiado. Ainda na Inglaterra, um encontro para atender a outro público: Bolsonaro quer conversar com o rei sobre a Amazônia, um tema caro ao monarca. Bolsonaro quer mostrar o que está sendo feito pelo seu governo e convencê-lo de que existe uma narrativa mentirosa criada pela oposição. Este mesmo argumento Bolsonaro vai usar na ONU, onde falará para outro público, como formadores de opinião e jornalistas do mundo todo. Bolsonaro quer aproveitar o fato de o Brasil ser o primeiro a discursar para mandar o seu recado. Quer mostrar tudo que seu governo está fazendo, em tom sereno, com “dados consistentes”. Bolsonaro pretende falar de Amazônia, mas também desconstruir a imagem negativa dele e de seu governo no exterior, respondendo às acusações sobre atacar a democracia, sobre a política de vacinas, sobre o Brasil do agronegócio e, principalmente, como o país está conseguindo sair da crise econômica.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília