A “Carta ao Brasil do Amanhã”, divulgada ontem pela chapa Lula-Alckmin, é mais uma peça de campanha do que um programa de governo, dizem estrategistas do PT. O último programa de TV da chapa, exibido ontem, cuja trilha sonora é a música “Amanhã”, de Guilherme Arantes, deixa isso claro. Por isso o texto não aprofunda as propostas do candidato em relação à responsabilidade fiscal, o que acabou frustrando o mercado financeiro. Segundo eles, é um erro comparar o documento com a “Carta ao Povo Brasileiro” de 2002, aquela, sim, um compromisso programático de Lula voltado exclusivamente para o mercado. O objetivo da nova carta, de acordo com integrantes da campanha, é amarrar o conceito de frente ampla que Lula quis dar à campanha no segundo turno. Por isso incorpora sugestões de Simone Tebet, Marina Silva e outros neo-aliados às diretrizes do programa de governo divulgadas em agosto. Praticamente não há detalhamento de propostas no novo documento. As referências à responsabilidade fiscal, conjugadas com ações sociais e crescimento econômico, seriam uma forma de contemplar economistas não petistas integrados à campanha a partir do segundo turno, como Armínio Fraga, Pérsio Arida e André Lara Resende. O alvo da nova carta não é o mercado.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
Foto: Ricardo Stuckert, PT