A Petrobras anunciou que vai dar desconto para suprimento de gás natural que ultrapasse o contratado. A princípio, a mensagem de gás mais barato soa bem para indústria e pode destinar gás para o setor de fertilizantes, como quer o MME.
A mensagem de Magda Chambriard, presidente da estatal, foi clara: “O mercado que pudermos ocupar, nós vamos ocupar”.
O problema, segundo apurou o BAF, é que a redução anunciada não vai incentivar criação de demanda, pois o valor-base do gás ainda está acima do patamar que estimula abertura de novas linhas na indústria.
Outro problema é que ainda são muito incipientes o mercado livre e a contratação spot de gás, com domínio das distribuidoras, que vem expandindo suas tarifas.
No final das contas, a mensagem que a Petrobras passa no mercado do gás é a de destruição da oferta.
Outras petroleiras, que vinham se posicionando desde a Lei do Gás e o TCC do CADE para suprir gás flexível, tentarão baixar os preços no começo, mas há um limite e concorrer com a Petrobras no gás (que já aplica uma taxa interna de retorno muito baixa nesse segmento) é quase impossível.
Caminha-se para a volta do monopólio total da estatal no gás.
Investimento reduzido – O governo Lula adoraria que a estatal aumentasse seus investimentos. No MME, mais investimentos da Petrobras seriam entregas também para Alexandre Silveira, um ministro que costuma divulgar investimentos privados como se fossem feitos seus.
Mas o clima que predomina no setor algumas semanas antes da divulgação do Plano Estratégico da Petrobras para 2025 é o de que o investimento da estatal será reduzido. Nos últimos anos, o volume de investimentos ficou abaixo do planejado.
Ainda não há notícias sobre permissão para desbravar novas fronteiras, como a Margem Equatorial. Nas energias renováveis, onde a Petrobras prometeu crescer, espera-se anúncio em captura e estocagem de carbono (CCUS), e em Hidrogênio – áreas que não requerem investimentos do mesmo vulto que plataformas e navios.
Agora a Petrobras dá sinais de que pode tentar maximizar dividendos de outras formas. No caso do gás natural, está tentando abocanhar fatia de mercado hoje com concorrentes.
O BAF apurou que a Petrobras dificilmente vai agradar ao governo e ao mercado.
Equipe BAF – Direto de São Paulo
Foto: Rafael Pereira/Agência Petrobras