Enquanto a Câmara votava o PL do Combustível do Futuro na noite de ontem, havia um burburinho de que seria retirado da pauta o PL 327/2021 (que cria o Paten, permitindo o uso de créditos tributários para garantir projetos de transição energética). O motivo: novos grupos tentavam ser incluídos no rol de fontes energéticas passíveis de participar do projeto. Entre eles estão as grandes hidrelétricas. A Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) fez corpo a corpo com os deputados para incluir no relatório da deputada Marussa Boldrin (MDB-GO) a “central geradora de baixo carbono de qualquer capacidade”. O relatório mais recente, das 18h43, havia incluído gás natural, resíduos sólidos, pequenas centrais hidrelétricas, sistemas de armazenamento de energia e havia voltado ao texto a possibilidade de usar precatórios como garantias, algo que o Ministério da Fazenda tinha retirado do texto, mas cedeu no quarto relatório. No plenário, Marussa acenou positivamente à inclusão das UHEs, o que também tem apoio de vários deputados de peso, como Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) e Rodrigo de Castro (União-MG), além do ex-deputado José Carlos Aleluia, que segue atuando dentro do Congresso. Apesar do grande apoio, a proposta das grandes geradoras encontra residência dentro dos outros grupos que figuram na lista de possíveis beneficiários, que acreditam que competir com as UHEs por recursos será difícil e que elas vão levar tudo. Ficava difícil fazer essa inclusão, além de outras pedidas por parlamentares, na quarta versão do relatório em plenário. Ao final da votação do Combustível do Futuro, já perto das 21h, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidiu dar mais uma semana para a movimentação dos setores: realizou-se a leitura do relatório e foi anunciada a votação para terça-feira que vem. As UHEs ganharam mais uma semana para entrar na lista.
Flávia Pierry – Direto de Brasília
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