O governo brasileiro vazou os termos do acordo com o Paraguai por Itaipu. Na prática, postergou um acordo de longo prazo, não mexeu nos gastos socioambientais e não garantiu que a energia seja vendida a custo de mercado, o que ficou só para 2026. Até lá, o Ministério de Minas e Energia preferiu atender o Paraguai – aumentando o valor da energia comprada diretamente pelo Brasil -, mas determinando que valores que devem ser pagos pelo lado paraguaio (como o Mecanismo de Realocação de Energia) sejam usados para reduzir a conta dos consumidores regulados. Mesmo sem vitória agora, os consumidores livres foram atendidos com a sinalização de que a energia excedente do Paraguai será destinada ao mercado livre brasileiro em 2026, a preço de mercado. Já era esperado que teria de haver uma transição, pois não se muda a política de Itaipu com uma simples canetada e os investimentos socioambientais já estão prometidos na gestão petista. Para o ministro Alexandre Silveira, o acordo atende à urgência de não aumentar as tarifas das distribuidoras. Porém, não há grande vitória: a lei de privatização da Eletrobras já previa que benefícios alcançados com a amortização de Itaipu deveriam ser revertidos à conta de subsídios, a CDE.
Flávia Pierry – Direto de São Paulo
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