As empresas concessionárias de distribuição de energia estão em uma encruzilhada, entre o consumidor (cada vez mais exigente), o poder concedente (que quer tarifas mais baixas), o investidor (que quer retornos mais altos), a fiscalização (com o Tribunal de Contas da União, o TCU, apertando o torniquete) e a mudança do mercado de energia, que requer novos modelos de negócio. Para sobreviver, as distribuidoras terão de se adaptar um pouco em todos os lugares e a única certeza é que apostar em mais do mesmo não vai dar certo. O TCU anunciou ontem que vai fechar o cerco sobre a Enel São Paulo, desta vez por causa do apagão da semana passada na região central da capital paulista. O órgão avisa que vai “intensificar as apurações das causas do ocorrido e acompanhar as medidas adotadas pelo governo federal” sobre a atuação da Enel. Também afirma que pediu ao Ministério de Minas e Energia (MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) explicações sobre providências e quais conclusões chegaram sobre as causas do ocorrido. Entre as empresas de Distribuição, a sensação é de que elas estão de forma exagerada no holofote. Querem que os órgãos vejam que estão pressionadas, mas não querem que os investidores fiquem desconfiados sobre sua capacidade de seguir adiante e retirem investimentos, tudo isso em um momento de renovação de diversas concessões no curto prazo. Para fechar a conta, muitas apostaram em serviços de assinatura de geração distribuída, modelo de negócios que agora está sob escrutínio do TCU.
Flávia Pierry – Direto de São Paulo
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