As declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a distribuidora Enel São Paulo cruzaram o limite entre a retórica política exagerada e a verdade. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou posicionamento para reforçar que não tem se omitido no caso e que multas e compensações financeiras aplicadas a Enel já ultrapassam os R$ 700 milhões, se incluídas as multas da agência estadual. A Enel também vaticina que está em dia com o pagamento das penalidades (há valores ainda em questionamento, algo normal no processo administrativo). Ao falar em caducidade do contrato, direcionando a imprensa logo na manhã de uma segunda-feira com pauta vazia em Brasília, Alexandre Silveira evidencia o teor político que é pano de fundo para o caso Enel, por se tratar de concessionária da maior cidade do país e palco de eleições municipais este ano. A repercussão sobre a Enel e o tom forte das falas também cria palco para a divulgação do decreto de renovação das concessões e permite que Silveira cole em si os feitos de uma possível melhora dos serviços de distribuição, que ele poderá usar em favor do seu partido, o PSD, cujo presidente Gilberto Kassab é secretário de Relações Institucionais do governo de São Paulo, na gestão de Tarcísio de Freitas. Por outro lado, a ação midiática do ministro também foi comemorada por aliados do governo Lula. Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, comemorou as declarações do ministro e congratulou o governo petista por agir em defesa dos paulistas.
Flávia Pierry – Direto de São Paulo
Foto: Tauan Alencar, Minas e Energia