Uma verdadeira “operação de guerra” foi montada com diferentes braços para tentar convencer o presidente Jair Bolsonaro a dizer que estava reconhecendo o resultado das urnas. Bolsonaro não fez apelo explícito à desobstrução das estradas, mas disse que a manifestações pacíficas são bem-vindas. Depois dos ministros políticos e até militares, diante do agravamento da crise, entraram em campo o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Tarcísio e Guedes começaram a trabalhar para tentar garantir um pronunciamento ameno, já que houve aumento da pressão, inclusive do empresariado, por conta dos prejuízos pelo fechamento das estradas. Tarcísio pediu um discurso ameno, incentivando o fim das manifestações e reconhecendo o resultado, mesmo que não parabenizando a Lula, mas sem contestar o resultado das urnas. O governador eleito também tinha interesse nesse discurso suave porque quer se apresentar como um político moderado, apesar de ter sido eleito na esteira de Bolsonaro. O ministro do TCU, Jorge Oliveira, ex-ministro de Bolsonaro e ex-chefe da sua assessoria jurídica, também participou desse processo de convencimento do presidente. Todos insistem que o presidente Bolsonaro tem um legado a deixar ao País, saiu da eleição muito maior pela quantidade de votos que recebeu e que precisa reconhecer a derrota, terminando seu governo com grandeza. Pelo menos 20 ministros estavam no Palácio da Alvorada. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, esteve com o presidente para ajudar nesta operação, assim como o presidente da Câmara, Arthur Lira, que se reuniu com ele, mas ambos não participaram do pronunciamento.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília
Foto: Alice Cravo, Agência O Globo