A minuta da PEC apresentada ontem pelo governo de transição é uma carta de intenção que deverá ser transformada num bilhete. O texto é propositalmente acima do tom, cheio de bodes na sala, para que o novo governo consiga, ao menos, manter o que essencial – os R$ 600 do Bolsa Família, R$ 150 por criança até seis anos e algum recurso para investimento. Os negociadores do governo que entrará sabem que R$ 175 bilhões já era um teto difícil de chegar e resolveram subir a régua com a intenção de voltar ao menos ao valor original pensado. Não será tarefa fácil e, para aprovar a minuta com a silhueta que se espera, Lula e seus parlamentares vão ter que entrar no cheque especial, devendo ao Centrão, cuja cobrança de juros vai muito além da Selic.
Chico de Gois – Direto de Brasília
Foto: Roque de Sá, Agência Senado