O placar de 64 votos favoráveis à PEC da Transição no Senado, nos dois turnos, demonstrou que o governo de transição, sob a condução do senador Jaques Wagner (PT-BA), fez uma boa articulação. Os cálculos mais otimistas, até a manhã de ontem, eram de 55 a 58 votos. A dificuldade, porém, começa quando a PEC chegar na Câmara. Arthur Lira, que prometera a Lula aprovar o texto que saísse o Senado, agora já aponta dificuldades. A queda de braços se dá do outro lado da praça, no STF, que julgará na semana que vem o tal do orçamento secreto. O que está em jogo não é apenas o valor de R$ 19 bilhões de emendas do relator, mas como o poder se dará, de fato, a partir do ano que vem. Que a PEC será aprovada na Câmara, não há dúvida. Mas, a depender dos rumos do julgamento, o waiver poderá ser menor. Sem dinheiro do orçamento secreto para conduzir seus liderados e impor sua vontade, Lira não terá interesse algum em dar R$ 145 bilhões e dois anos de prazo para Lula exercer seu governo sem precisar pedir permissão ao Congresso.
Chico de Gois – Direto de Brasília
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