No Planalto, interlocutores diretos do presidente Jair Bolsonaro reconheceram o empenho do deputado Arthur Lira, que passou praticamente o dia de ontem sentado na cadeira de presidente da Câmara no plenário, lembrando o que fazia o antigo ex-presidente da Casa, Ulysses Guimarães, que não se levantava da cadeira enquanto conduzia longas sessões. Reconheceu e agradeceu. O placar de 467 a 17, com apoio ainda que crítico da oposição, foi considerado “inédito”, na avaliação de um assessor palaciano, para um tema tão polêmico. Lira permaneceu no comando da sessão, derrubando cada tentativa da oposição e do partido Novo de atrapalhar as votações. O processo de votação começou por volta das 11h30, encerrou quase 12 horas depois, com o descarte de cada uma das medidas que poderiam atrapalhar os planos do governo. A expectativa é de que o texto da PEC possa ser promulgado ainda hoje, após a sessão conjunta de apreciação dos vetos, marcada para às 13h ou no máximo amanhã, como prometeu o próprio Arthur Lira. A grande dúvida é se mesmo começando a pagar os benefícios no início de agosto, como o previsto, vai dar tempo para ter o efeito eleitoral desejado. Este foi considerado um momento muito forte para o governo que, apesar dos atropelos de Bolsonaro, ficou demonstrado que tem uma base significativa, embora a aprovação tenha contato com votos da oposição. O placar mostrou ainda uma “força descomunal” do presidente da Câmara, que deixou claro o seu controle sobre o plenário. Todo esse episódio deixa Lira como forte candidato a permanecer no comando da Câmara no próximo mandato.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília