Como de praxe, os candidatos à presidência da Câmara devem fazer na próxima quarta-feira, antes da votação final, um discurso em plenário para conquistar os votos de quem eventualmente estiver indeciso. Os discursos costumam vir recheados de recados ao governo de plantão, como defesa da independência do Parlamento, respeito à diversidade política na Casa e cumprimento de acordos. Arthur Lira tende a enfatizar sua capacidade de articulação, a fama de cumpridor de acordos e de presidente “que conversa com o chão do plenário”. Fortalecido pelo placar da votação, a questão é qual Arthur Lira se apresentará no dia seguinte: será o deputado colaborativo, que ajudou o novo governo em todas as demandas até agora ou o que não se esqueceu do fim da RP9? “Coisas do passado estão superadas”, garantiu o líder do PL ao BAF, Altineu Cortes (RJ). A aposta dos aliados de Lira é que ele se equilibre entre o andamento das pautas de interesse da Casa e do governo, “sem subserviência”. Há, no entanto, quem aposte numa mudança de tom em relação ao Palácio do Planalto gradualmente. Isso porque o deputado alagoano tem seus desafetos regionais em postos relevantes no governo federal e, uma hora ou outra, pode demandar seu espaço também. Fontes apostam que, a partir da votação da MP do Carf (que ainda não tem data para ser apreciada no plenário), ficará mais claro qual será a postura de Lira em relação ao governo Lula.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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