O TSE tomou uma decisão mais política que jurídica quando decidiu arquivar o pedido de investigação no caso das inserções de Jair Bolsonaro. Diferente dos demais tribunais, o TSE e o STF são Cortes político-jurídicas e usam a interpretação da lei para justificar suas próprias escolhas políticas. Há quem discorde de tal método para análise de demandas jurídicas, mas é isso o que acontece no mundo real. E colocar no Supremo somente ministros lulistas ou somente bolsonaristas não alteraria tal realidade, só faria ser ainda mais patente a forma de agir do órgão máximo do Judiciário. É certo que a campanha de Bolsonaro não conseguiu mostrar de forma cabal que inserções de 30 ou 15 segundos não teriam sido veiculadas em rádios do interior do Brasil. Ao usar as transmissões pela internet, ao invés do sinal aberto de rádio, os advogados de Bolsonaro facilitaram a primeira decisão política do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, não é possível saber se o material é idêntico ao que voou pelas ondas de AM e FM. O fato é que duas visões políticas estavam em confronto num tribunal de Justiça.
Severino Motta – Direto de Brasília
Foto: Igo Estrela, Metrópoles