Faltando pouco mais de um ano para a sucessão presidencial, líderes partidários em Brasília ainda não enxergam espaço para uma candidatura de terceira via com chances de superar a polarização entre Bolsonaro e Lula. Há, no entanto, simpatia clara no Centrão para que Rodrigo Pacheco ou Eduardo Leite se viabilizem, mas admite dificuldade por causa da radicalização. O presidente do Congresso tem evitado tratar do assunto publicamente, porém nos bastidores diz que Presidência da República é uma questão de “destino”. Já o governador do Rio Grande do Sul vem se esforçando na tentativa de se apresentar nacionalmente ao eleitorado, mas o PSDB deixou de ser um polo atrativo para os partidos. A avaliação é de que João Doria e Ciro Gomes não agregam, ainda que tenham projeção nacional. Luiz Henrique Mandetta não teria chances. Para os governistas, as expectativas são boas para Jair Bolsonaro: todos estarão vacinados nos próximos meses, o Auxílio Brasil será aprovado e a economia vai decolar. Assim, o presidente dificilmente estará fora do segundo turno em 2022. “Se a economia chegar no povo, Bolsonaro chega competitivo em 22. Ele não está fadado à derrota”, concluiu um parlamentar de oposição. Aos aliados, Bolsonaro diz que “Deus proverá” sua reeleição. No Centrão, há quem veja um cenário ruim para o presidente: população mais pobre, inflação, combustível caro, desemprego, crise hídrica e um presidente que encarna a “insegurança institucional”, prejudicando a imagem do País no exterior. “Bolsonaro é a indústria de ruídos permanente”, critica um deputado do bloco. Se a eleição passada foi marcada pelo antipetismo, alguns avaliam que desta vez pode prevalecer o antibolsonarismo. Na oposição, está claro que o jogo não está ganho, que a direita leva hoje vantagem nas redes sociais e que Lula terá um adversário com a mesma capacidade de comunicação direta com a população que ele domina.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
Copyright ©2020 Todos os direitos