Diante do estrago feito pela repercussão negativa da instrução normativa da Receita que previa mudanças no PIX, o governo sucumbiu e anunciou a revogação do ato polêmico.
Uma MP será editada para reforçar a gratuidade do PIX e seu sigilo bancário. A PF vai ser acionada para apurar golpes aplicados desde a edição da instrução e a disseminação de desinformação sobre o tema, o que vai atingir deputados e senadores que fizeram campanha nas redes sociais contra o tema e ameaçaram até ir à Justiça contra o governo.
Irritado, o ministro Fernando Haddad disse que a medida visa “arrancar pela raiz a mentira” e lamentou que a narrativa falsa tenha causado “desordem” no universo digital. Um dos alvos do governo será o deputado Nikolas Ferreira (PL/MG), que produziu um vídeo com mais de 170 milhões de visualizações.
O governo não explicou a contento o ato logo da publicação e chegou tarde na tentativa de reverter o quadro. O secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, divulgou nesta quarta-feira um vídeo explicando os reais objetivos do governo, mas não logrou a mesma eficiência de Nikolas.
Com a batalha da comunicação perdida, o governo agora aposta numa MP, que só vai reavivar o episódio no Congresso e reforçar o discurso de que, se não fosse o alarde da oposição, a gestão Lula meteria a mão mais uma vez no bolso dos mais frágeis.
Volta do recesso – Se o governo pensa que terá paz para se concentrar na votação do Orçamento de 2025 na volta dos trabalhos legislativos em fevereiro, está enganado. A edição da MP do PIX tem tudo para esquentar o retorno dos parlamentares do recesso a partir de 1º de fevereiro.
A oposição se mobilizou nos últimos dias com a narrativa de que o governo Lula queria arrecadar mais a partir da fiscalização das transações com PIX e pretendia “quebrar o sigilo bancário” dos cidadãos comuns.
O discurso cresceu nas redes com o argumento de que o alvo da vigilância era o brasileiro humilde, o trabalhador informal, e que as pessoas voltariam a fazer transações em espécie. A oposição prometeu apresentar um projeto de lei para “blindar” o meio de pagamento.
O ato de revogação da instrução normativa foi marcado pelo desespero e improvisos do governo, que teme o impacto maior da desinformação na popularidade do presidente Lula.
Equipe BAF – Direto de Brasília
Foto: Marcello Casal Jr., Agência Brasil