Petistas assistem de camarote ao incêndio no parquinho tucano com o acirramento da disputa entre Eduardo Leite e João Doria nas prévias do partido. A ordem no PT é manter distância segura, pois esperam o apoio pelo menos de algumas lideranças do PSDB em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro em 2022. Em privado, no entanto, petistas fazem suas avaliações. Segundo um dirigente com larga experiência eleitoral, a escalada de agressões entre os dois presidenciáveis tucanos pode levar a um racha irreparável no PSDB caso as lideranças mais experientes não entrem em campo para fazer o papel de bombeiros. “Os tais ‘cabeças pretas’ só querem lacrar nas redes e colocam mais lenha na fogueira. O problema é que as velhas lideranças perderam a ascendência sobre os mais jovens”, disse. Para o dirigente, a escalada é fruto da falta de cultura de prévias no PSDB, partido acostumado a decisões de cúpula, ao contrário do PT, onde a disputa interna é diária e até Lula já foi obrigado a enfrentar Eduardo Suplicy para ser candidato em 2002. Um parlamentar petista considera que o que está em jogo, na verdade, é se o PSDB vai ser cabeça de chapa, com Doria, ou se cacifar para ser vice de outro candidato com maior densidade eleitoral, com Leite. Outra análise corrente entre petistas é que a disputa entre os tucanos já causou danos ao conjunto da oposição a Bolsonaro. Ao questionar a segurança do sistema de votação digital para as prévias (que não tem nada a ver com as urnas eletrônicas do TSE), Doria deu munição aos bolsonaristas que estão usando a briga tucana como argumento para voltarem a defender o voto impresso.

Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo

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