Parlamentares influentes, de Centro e da base bolsonarista no Congresso avaliam que Jair Bolsonaro sofreu um desgaste eleitoral com a carta divulgada ontem, em especial com os apoiadores mais radicais, mas que a perda é momentânea. A conclusão é de que o presidente da República fez um gesto sensato diante do agravamento do cenário político e da dificuldade em conter os apoiadores “incontroláveis do agronegócio”, em especial os caminhoneiros. Os aliados do presidente dizem que a expectativa agora é de encerramento do inquérito das Fake News no STF e da soltura dos “presos políticos”. As fontes ouvidas pelo BAF não arriscam dizer até quando vai durar a trégua de Bolsonaro, mas acreditam que tudo vai depender dos próximos passos da Corte. “Vida normal com Bolsonaro nunca vai ter, é vida que segue. Vamos esperar os próximos capítulos”, resumiu um parlamentar. A tendência no Congresso é de retomada da agenda de negociações em torno das propostas de interesse do governo na próxima semana, justamente para transmitir um sinal de volta à normalidade, dizem os parlamentares. O tom de Arthur Lira nas redes sociais foi nesta linha. No Centrão mais alinhado ao governo, a percepção é de que Bolsonaro surpreendeu, saiu mais forte pelo gesto de pacificação e que, ao final, o presidente conseguiu encher as ruas no 7/9. “Bolsonaro sai maior. Ele estava perdendo os moderados que estavam com ele”, disse um dos vice-líderes do governo na Câmara. Na avaliação do deputado, o tom de moderação pode até reconquistar a classe média e, com a ajuda de Michel Temer, Bolsonaro teria espaço para trazer o MDB de volta às fileiras governistas.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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