Depois de reabrir o diálogo com partidos fora do campo da esquerda, como o MDB, o ex-presidente Lula continua fazendo acenos para setores com os quais teve proximidade, mas se afastou depois do impeachment de Dilma, Lava Jato e eleição de Bolsonaro.
Ontem foi a vez do agronegócio. Lula deu entrevista a uma rádio de Dourados (MS) e lembrou dos agrados de seu governo ao setor. “No nosso governo o agronegócio foi tratado com muito carinho. Você nunca me viu fazer um discurso contra o agronegócio”, afirmou. O petista lembrou que em seu governo foi feita uma Medida Provisória que perdoou R$ 74 bilhões em dívidas de grandes produtores, os juros das linhas de créditos para compra de maquinário eram de 3% ao ano e houve uma conciliação entre os interesses de pequenos agricultores, grandes latifundiários e grupos que integram a órbita do PT, como o MST.“Acredito que o Brasil ainda precisa de reforma agrária, mas não precisa desapropriar nenhuma terra produtiva”, afirmou. A Rádio Grande FM foi escolhida a dedo para a entrevista. O Mato Grosso do Sul, que já foi governado pelo PT, é um dos maiores produtores de soja, milho, algodão e carne bovina do país e se tornou um reduto bolsonarista. O ex-presidente, no entanto, ainda não deu pistas de quais serão suas propostas para a agropecuária nem os interlocutores com o setor.
Ricardo Galhardo – Direto de São Paulo
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