Um ponto importante do discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira, na convenção do PP, precisa ser destacado para deixar claro o apetite que um dos principais partidos do Centrão tem pelo controle do orçamento. Lira defendeu a necessidade de a Câmara e o Senado aprovarem, “ainda este ano, depois das eleições”, as Reformas Administrativa e Tributária. O problema é que tradicionalmente no pós eleições o Congresso foca nas discussões sobre Orçamento e sucessão das Mesas Diretoras. Lira justificou a necessidade de garantir essas reformas ainda nesta legislatura por ter hoje controle sobre os votos e acabar com o que chama de “orçamento indexado, engessado, vinculado, que atrapalha o Brasil a crescer”. E emendou: “Precisamos ter um orçamento desvinculado e desindexado para que o Poder Executivo tenha autonomia para mexer na peça orçamentária, de acordo com a necessidade”. O que Lira não disse claramente, mas que viria junto com essas aprovações, de acordo com o que tem pregado nos bastidores representantes do partido, é a garantia das emendas impositivas de relator para que o Congresso tenha poder para também manipular o orçamento, obrigando o Executivo a negociar mais e mais com deputados e senadores. E essa discussão virá, seja o novo presidente Bolsonaro ou Lula. O Congresso quer encontrar uma forma de manter o poder que conquistou e não admite perder porque não quer ser só legislador, mas ordenador de despesas. Na cerimônia, coube ao ministro da casa Civil, Ciro Nogueira, dar o recado sobre a força da bancada do Centrão. Lembrou que essas bancadas juntas podem chegar a 370 deputados, base esta que Lula terá de enfrentar para negociar seus projetos, se for o eleito.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília