A reunião do ministro da Secretaria de Governo, Célio Faria, com os líderes e vice-líderes do governo no Congresso não foi só de comemoração pela inédita iniciativa. Boa parte do encontro foi destinada a malhar o ministro da Economia, Paulo Guedes, praticamente classificado como inimigo número 1 dos parlamentares presentes. As principais queixas contra Guedes foram não cumprimento de acordos que precedem votações e calote dado em parlamentares da base aliada (por não pagar emendas que estavam prometidas ao seu eleitorado e, em muitos casos, até empenhadas, como aconteceu no final do ano passado). Os parlamentares consideraram um desrespeito e um “dane-se” à classe política. Os líderes e vice-líderes não querem mais serem “ignorados, destratados, desautorizados ou minados” pelo ministro da Economia. A queixa de desprezo aos deputados pelos ministros do governo Bolsonaro se estendeu a outros gabinetes do primeiro escalão na Esplanada. Um dos presentes chegou a dizer que pela forma como o governo o trata já era para estar na oposição há muito tempo. O ministro da Segov prometeu levar as queixas adiante e apresentá-las ao presidente. As reclamações, no entanto, chegam no momento em que Paulo Guedes recobrou poderes de superministro. O que pode fazer a diferença, neste caso, é o momento eleitoral e a necessidade de Bolsonaro de ter uma rede de apoio de deputados, senadores e prefeitos à sua reeleição.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília