O nome do programa mudou (de Crédito Justo para Crédito do Trabalhador) e a estimativa de oferta de consignado em quatro anos também (de R$ 180 bi previsto até então – e mencionado hoje – para R$ 120 bi), mas o discurso do governo Lula 3 na assinatura da MP do novo crédito consignado se manteve: dinheiro mais barato e acessível para a população, com possibilidade de migração da dívida e portabilidade.
O tom da cerimônia no Palácio do Planalto foi, nas palavras de Rui Costa, de que a ampliação do crédito para a população é a chance de oferecer “prosperidade”. Fernando Haddad também reforçou a tese de “programa revolucionário” por proporcionar taxa de juros mais barata.
Em evento marcado pela presença de sindicalistas (que prometeram protestar na porta do BC na próxima reunião do Copom), o ministro Luiz Marinho explicou que o trabalhador não vai precisar mais de convênio da empresa que trabalha para pedir o crédito consignado e que virá a regulamentação da lei que permite usar o FGTS como garantia do empréstimo.
Lula negou que o programa tenha como objetivo o endividamento da população, disse que o crédito tem de ser usado de forma criteriosa e para melhorar a vida das famílias. O petista insistiu que o desenvolvimento só virá com dinheiro circulando.
Durante seu discurso, Lula disse à cúpula do Congresso que quer reduzir a distância entre eles. Sobre Haddad, o presidente disse que seu ministro já fez muito e vai terminar – ao fim do governo – como o melhor ministro da Fazenda da história. Um desagravo público no momento de abatimento do ministro.
Equilibrando o jogo – O presidente Lula gastou boa parte de seu discurso no lançamento do crédito privado para CLTs e MEIs elogiando o ministro da Fazenda.
Desde o começo da semana, o Palácio do Planalto vem se desdobrando em aplausos a Haddad. Primeiro foi Gleisi Hoffmann, na sua posse na SRI na segunda-feira; depois o próprio Lula em eventos em Minas Gerais no dia seguinte, e nesta quarta-feira novamente.
Lula tomou conhecimento da irritação de Haddad por ter sua atuação criticada duramente por membros do governo – incluindo Gleisi e Rui Costa – e, pior ainda, ver questionada a competência de seu ministro da Fazenda, o que se espraiaria no próprio presidente.
Além disso, com um Lula indeciso sobre seu futuro eleitoral, Rui Costa começou a querer ganhar protagonismo. Por isso, Lula entrou em campo para deixar claro que Haddad tem seu apoio explícito e que não há um candidato natural à sua sucessão – neste momento.
Equipe BAF – Direto de Brasília
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