O governo enfrenta uma derrocada na popularidade e Jair Bolsonaro continua buscando novas formas de irritar aliados. Dessa vez, governadores próximos ao presidente se juntaram para criticar a narrativa que Bolsonaro tem tentado emplacar da culpa dos Estados sobre o aumento do preço dos combustíveis. Ronaldo Caiado (GO), Ibaneis Rocha (DF) e Romeu Zema (MG) se juntaram a desafetos de Bolsonaro, como Flávio Dino (MA), Eduardo Leite (RS) e João Doria (SP), e lançaram uma nota para cobrar “a verdade” sobre a alta dos preços, que consideram como um problema nacional com aumento de 40% na gasolina nos últimos 12 meses. O assunto tem sido motivo de desagrado entre os governadores, principalmente porque passaram a ser cobrados por bolsonaristas nas redes sociais e até mesmo publicamente em eventos. Ao todo, 19 governadores assinaram a carta – os outros sete que não participaram da iniciativa são principalmente os chefes dos Estados do Norte e Sul, regiões em que o presidente ainda tem uma boa aceitação. A situação do preço dos combustíveis é uma sinuca de bico. A audiência do presidente da Petrobras na semana passada mostrou que a narrativa de Bolsonaro não colou entre congressistas. O ICMS sobre combustíveis é responsável por parte significativa da arrecadação dos Estados e dificilmente algum governador – seja aliado ou não do presidente – irá reduzir alíquotas. O que caberia ao Executivo é tentar reformar a composição dos preços para o cálculo do imposto, mas nem com a base do Centrão junto ao governo existe apoio para isso no Congresso. A ação da União no STF para obrigar deputados a decidirem sobre a regulamentação do imposto estadual também não deve andar. Para evitar ficar com o prejuízo político, Bolsonaro tem tentado a saída de jogar o abacaxi para os outros e preferiu focar nos governadores, estratégia que pode lhe render menos aliados dos poucos que ainda têm.