O presidente Jair Bolsonaro não foi avisado antecipadamente do aumento do preço dos combustíveis anunciados na manhã desta quinta-feira. E nem poderia, pelas regras da CVM. Mas, em todas as negociações das quais a direção da empresa participou em Brasília, nos últimos dias, Bolsonaro e sua equipe foram avisados da impossibilidade de se manter os preços sem reajuste por mais tempo pois há mais de 50 dias a Petrobrás não os reajustava. Além disso, havia ameaça de desabastecimento já no final do mês, caso não fossem dados meios para que os importadores voltassem a comprar os derivados lá fora, e isso a empresa não poderia deixar acontecer. O reajuste, então, de acordo com uma fonte palaciana, não foi considerado uma “bola nas costas” do presidente. Mas isso não muda as críticas de Bolsonaro à estatal. Hoje mesmo, ele as reiterou, em nova fala, ao deixar o Alvorada.
No momento, o governo continua aguardando as votações no Congresso para os projetos que tratam de combustíveis, enquanto tenta desatar o nó criado pelo impasse sobre o que poderá fazer a mais para segurar os preços. A proposta de subsídio de curto prazo, até três meses, continua na mesa. Não há sinais de que essa decisão tenha trazido novos desgastes para a direção da Petrobrás junto ao presidente, ou que isso possa significar, no momento, mudanças além das que já foram anunciadas. Ou seja, pelo menos por enquanto, o presidente da Petrobrás continua no cargo.
Tânia Monteiro – Direto de Brasília