O presidente Jair Bolsonaro tem de decidir qual briga com funcionários públicos vai querer enfrentar durante sua campanha para a reeleição. Se ele seguir o conselho do ministro Paulo Guedes, vai frustrar policiais federais que conseguiram uma previsão de R$ 1,7 bilhão na lei orçamentária para reajustes decorrentes de uma reestruturação de suas carreiras. Se o instinto político de Bolsonaro contrariar Guedes, o risco é de confrontos com dezenas de categorias profissionais que têm grande poder de barganha se paralisarem suas atividades, como, por exemplo, auditores da Receita Federal, funcionários do Tesouro e do Banco Central, fiscais agropecuários etc. Hoje, o presidente do Banco Central ouvirá sindicalistas em uma primeira conversa por meio de videoconferência. A solução orçamentária mais simples é a que menos recebe apostas dos que conhecem Bolsonaro. Negar aumento aos policiais federais é algo que vai parecer descumprimento de acordo para um grupo que apoiou o candidato vitorioso na eleição de 2018. Estender aumentos a outras categorias vai exigir do governo um grande esforço no Congresso porque depende de um PLN aprovado em até 180 dias antes da eleição, mas, ao mesmo tempo, respeito ao teto de gastos com redução de despesas e aumento de receitas.
Arnaldo Galvão – Direto de Brasília