O discurso oficial é de que o Palácio do Planalto não vai se meter na disputa pela presidência da Câmara. Nos bastidores, no entanto, alguns palacianos admitem que na reta final haverá um esforço para eleger Arthur Lira, mas o trabalho de monitoramento do cenário já está sendo conduzido pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria. O genro de Silvio Santos tem chamado parlamentares em seu gabinete para, além de ouvir demandas, sondar sobre o processo de sucessão de Rodrigo Maia e colher a temperatura das bancadas. Faria vem conversando também com deputados da oposição e até pré-candidatos. Recentemente o ministro recebeu um pré-candidato mais identificado com o campo de Maia e disse que não tem a intenção de entrar na disputa, que vai se colocar como um interlocutor no processo. Os adversários de Lira avaliam que o líder do blocão terá uma campanha turbulenta, com dificuldades de provar independência em relação ao Executivo (bandeira mais usada pelos candidatos). Até o começo desta semana, o cenário indicava que Maia teria mais chances de fazer seu sucessor por ter em seu grupo DEM, MDB, Cidadania e PSDB, além da oposição. No entanto, Maia disse no Roda Viva na segunda-feira que não se arrependia de ter votado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que irritou os petistas. O PT é o partido com a maior bancada individual da Câmara: tem 53 votos.