A narrativa que saiu de um jantar nesta semana de que Rodrigo Maia precisa ir para a reeleição para não deixar o Centrão ocupar a presidência da Câmara não surpreendeu o mundo político. A avaliação de líderes ouvidos pelo BAF é de que Maia sinalizou apoio para muitos pré-candidatos – entre eles Luciano Bivar, Marcos Pereira e Marcelo Ramos – para no final dizer que ninguém consegue se viabilizar e só ele é capaz de unificar os grupos. Há uma reclamação entre os líderes ao que chamam de “postura centralizadora” de Maia nos últimos tempos, preocupação com a possibilidade de abertura de um precedente perigoso ao permitir sua reeleição e, por isso, começa a se desenhar um cenário de afastamento de aliados que até agora caminhavam com ele. A oposição, que hoje se respalda em Maia, está rachada: o PT mandou um recado de que não aceitaria apoiar Baleia Rossi por causa de Michel Temer, mas que toparia apoiá-lo numa reeleição. Assim, Maia contaria com o apoio do PT (com poucas exceções na bancada) e do PCdoB, mas poderia não ter PSB e PDT integralmente. No PDT, por exemplo, Arthur Lira pretende cobrar uma promessa dos caciques do partido no início da legislatura de que no biênio seguinte o apoiaria. Apesar de hoje estar mais ligado ao governo, pesa a favor de Lira o fato de ser “cumpridor de compromissos”. A campanha pela presidência da Câmara deve começar a esquentar depois do primeiro turno das eleições municipais. A obstrução que se vem se consolidando há um mês não é só por causa da disputa na CMO e da MP 1000, disse um influente deputado. “É para mostrar que o poder dele (Maia) acabou”, resumiu.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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