Diante do movimento expressivo a favor do financiamento, a qualquer custo, de um programa de renda mínima, Rodrigo Maia se viu obrigado a ser impor – de forma contundente – como um forte obstáculo à prorrogação da calamidade pública. Enquanto ele estiver na cadeira presidencial, o decreto não será votado. Como dono da pauta, Maia de fato tem muitos poderes, é um importante influenciador, mas quando a pressão toma grandes proporções, só resta a ele colocar em votação e tentar convencer seus pares a derrubar a iniciativa. Recentemente, Maia conseguiu retardar a criação do TRF-6, mas diante da marcação pesada da bancada mineira, teve de incluir na pauta. Ele também foi contrário ao projeto de ampliação das áreas de atuação da Codevasf, mas acabou colocando o tema em pauta porque atendia aos interesses do Centrão e de gente de seu próprio partido. Até agora, o presidente da Câmara conseguiu ser bem-sucedido na oposição à nova CPMF porque sua avaliação representa um sentimento majoritário no Congresso. Em relação à prorrogação da calamidade, a percepção de Maia pode não convencer um grupo expressivo – como parlamentares do Norte e Nordeste – que busca qualquer saída que garanta a continuidade do auxílio emergencial até que se encontre uma solução definitiva para o programa Renda Cidadã. A oposição, por exemplo, já começou a fazer campanha para rever a emenda constitucional que criou o teto de gastos. Para chegar onde querem, parlamentares com medo do fim do auxílio podem usar os mais diversos instrumentos de pressão, entre eles a obstrução total dos trabalhos na Casa.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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