Lira, o cumpridor de acordo

Deputado em sua terceira legislatura, Arthur Lira (PP/AL) construiu fama, em 10 anos de Câmara, de cumpridor de palavra, hábil negociador e de político previsível. De personalidade forte, costuma assumir de forma aberta de que lado está e nunca escondeu de ninguém que era um dos aliados de Eduardo Cunha, tanto que foi um dos 10 contrários à cassação do ex-presidente da Casa. À frente da CCJ, distribuiu relatorias, organizou a pauta e estabeleceu critérios para as votações. Também presidiu a CMO. No início de 2019, o líder do PP tentou se viabilizar para disputar a presidência da Câmara mas, diante do amplo apoio costurado em torno de Rodrigo Maia (DEM/RJ), cedeu a vez com o olho na sucessão seguinte. Assim como Cunha, Lira também é obstinado, o que vem chamando a atenção de quem acompanha de perto a construção de sua candidatura. Com esse foco, não deu espaço sequer para o governo de Jair Bolsonaro viabilizar uma candidatura alternativa. O distanciamento de Maia ficou evidente logo nos primeiros meses de pandemia, quando viu o presidente da Casa tomar posicionamentos sem consultar o Centrão. A manobra para enterrar a MP 910 (da Grilagem) conduzida por Maia e seus aliados sacramentou essa separação. De lá para cá, conseguiu aglutinar em torno de si um grupo incomodado com o personalismo de Maia. “Não faremos a Câmara o arauto de um só”, repete. Se eleito, a tendência é Lira consultar os líderes sobre os temas a serem votados e, se houver divergência de pontos, a probabilidade é resolver no voto. Longe de ter um perfil submisso, o deputado pode até fazer concessões ao Palácio do Planalto, mas diz estar pronto para dizer “nãos” a Bolsonaro quando for preciso. “Digo não até ao meu pai”, respondeu ao BAF.

Daiene Cardoso – Direto de Brasília

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