Em meio ao clima tenso, com direito a bate-boca em reunião de líderes com Rodrigo Maia (que sai enfraquecido do processo), ameaças de judicialização da eleição e abertura de impeachment contra Jair Bolsonaro, trabalho de esvaziamento da candidatura de Baleia Rossi (MDB/SP) e intervenção de João Doria e FHC no tucanato, Arthur Lira (PP/AL) venceu a disputa e vai comandar a Câmara pelos próximos dois anos. Com um discurso forte, o deputado agradou ao eleitorado interno: pregou a desconcentração do poder do presidente da Casa e soberania do plenário, sem fazer nenhuma menção ao apoio valioso do Palácio do Planalto. Lira inaugura a partir de amanhã uma era de repartição dos holofotes com os colegas de Centrão, distanciamento paulatino da imprensa e um novo estilo de presidência, onde promete definir a pauta com os demais líderes. A dúvida é saber se ele vai entrar na articulação efetiva de textos finais e votos pró-governo, como fez Maia durante a Reforma da Previdência, ou se vai deixar o Executivo se virar sozinho nessa função, cuidando apenas dos interesses de seus deputados. Nesta noite, disse que está disposto ao diálogo. Espera-se que os primeiros meses sejam marcados por um clima de harmonia com o Palácio do Planalto, mas como Lira não tem um perfil submisso, a boa relação vai durar o tempo que o novo presidente da Câmara quiser. Se antes Jair Bolsonaro dependia do Centrão, agora está totalmente nas mãos do grupo. E se o governo acredita que saiu vitorioso ao derrotar Maia, para Lira o mérito da vitória é só dele.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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