O programa que foi anunciado por Bolsonaro na última semana que poderia beneficiar famílias carentes com botijões de gás não existe, de fato, no papel. O governo avaliava a possibilidade de redirecionar dividendos da Petrobras para tal finalidade, mas dentro da própria estatal a proposta é vista com ceticismo e não há uma decisão sendo avaliada oficialmente. O principal problema é que a Petrobras, embora ainda monopolista do GLP, passará a concorrer até o final do ano com outras empresas a partir de suas vendas de refinarias. Fontes disseram ao BAF que a Mubadala, da RLAM, já se preocupa com a possibilidade de um programa social que não permita sua participação no mercado do Nordeste, por exemplo. Um programa social estava sendo gestado com esse objetivo no MME no ano passado, mas foi deixado de lado após dificuldades criadas pela Economia e Cidadania. A Câmara, com oposição e Centrão, pretende endereçar o assunto e criar um programa com recursos da Cide e dos royalties para, é claro, colher os louros políticos da proposta. Após saber da iniciativa dos deputados e da atuação de governadores para tentar atender a população mais pobre em relação ao aumento dos preços do botijão – incluindo João Doria e Flávio Dino -, Bolsonaro se viu pressionado a apresentar também alguma solução, mesmo que sem muito compromisso com a realidade. Mesmo assim, é importante ficar de olho. Assim como a desoneração temporária do diesel, que custou caro e não teve eficácia, o presidente tende a tomar decisões tecnicamente questionáveis quando sob pressão política.

Equipe BAF – Direto de Brasília

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