Líderes da base governista aguardam para agosto um novo texto do governo para a proposta de Reforma do IR e avaliam como improvável a apresentação de um relatório prévio de Celso Sabino na próxima semana. Há uma reclamação no Centrão de que o governo levou dois anos para apresentar uma proposta sem conversar com os setores e que, do jeito que está hoje, o projeto não passa. Alguns deputados do bloco, incluindo titulares do Republicanos, são simpáticos à nota divulgada pelo MDB e outras legendas. Deputados do Centrão disseram ao BAF, no entanto, que está consolidado o apoio à correção da tabela do IR, a tributação sobre lucros e dividendos em 15%, mas há controvérsia sobre o teto de isenção dessa tributação. Alguns líderes consideram que o crescimento econômico poderá ficar engessado e que haverá “uma indústria de CPFs e CNPJs” para burlar a cobrança. “É prudente que o governo espere o recesso e trabalhe a nova sugestão de texto para apresentar na primeira semana de agosto”, afirmou um dos líderes do Centrão. Um vice-líder do governo disse não temer a ação das entidades, alega que a reclamação acontece porque o projeto não alivia a folha de pagamento ou cria a CPMF, como queriam. Ele também descarta a possibilidade de Arthur Lira criar uma comissão especial para retardar o avanço da discussão. “Se não aprova este ano, não aprova mais”, lembrou. Há um sentimento de que a proposta está “distante” de ser votada, de que o Congresso não permitirá o aumento da carga tributária, de que os líderes buscarão o equilíbrio das contas e que Lira tenta dar sinalizações positivas à sociedade para dividir as atenções com a CPI da Pandemia. Os líderes avaliam que este ano o governo – que estaria mais preocupado em dar boas “manchetes” para os jornais do que aprovar uma reforma efetivamente estruturante – aprova alguma coisa em 2021.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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