Além da boa articulação de Eduardo Gomes, o sucesso do governo até agora na apreciação pelo Congresso de vetos presidenciais também está relacionada ao sistema de votação adotado na pandemia. Por causa do acúmulo de vetos e a votação à distância, a maneira que se encontrou para votar por sistema eletrônico, e de forma rápida, foi juntar os temas em blocos: votação conjunta de vetos para derrubada e apreciação de uma só vez dos itens a serem mantidos. A limitação do número de destaques para votação em separado também ajudou. Em votações presenciais, a votação seria ponto a ponto, na cédula, levaria uma eternidade para ser apreciado, e o governo seria levado a negociar item por item. O líder do governo teve habilidade de usar a votação em bloco para colocar, num pacote só, todos os temas caros à oposição e aos partidos independentes. Hoje, Gomes ofereceu aos oposicionistas o discurso de que derrotaram o governo ao restabelecer assistência aos povos indígenas durante a pandemia, ao devolver à Anvisa a prerrogativa de liberar rapidamente produtos importados ao combate a Covid-19 e deu aos independentes a derrubada do veto que impedia a transferência de áreas da União para Roraima e Amapá (terra de Davi Alcolumbre). Em troca, o governo ganhou os R$ 8,6 bi que seriam destinados a Estados e municípios. Tanto a oposição como partidos que votam com o governo já demonstram desconforto com o sistema de votação, sinalizando que na próxima rodada podem não concordar com a manutenção dessa metodologia.

Daiene Cardoso  – Direto de Brasília

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