A declaração de Jair Bolsonaro sugerindo que as forças policiais “façam seu devido trabalho” contra os manifestantes que forem às ruas no domingo em atos de oposição ao seu governo ligou o sinal de alerta entre os políticos, em especial os governadores. “Um gesto típico de tiranos: convocar Força Nacional de Segurança para combater atos contrários ao governo”, escreveu no Twitter a líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA). Parlamentares lembram a postura do governo federal na greve dos policiais cearenses, avaliam que Bolsonaro tem forte influência sobre as polícias estaduais e, nos bastidores, os governadores temem isso. Horas depois da declaração de Bolsonaro, João Doria sinalizou que a PM paulista não agirá de forma a oprimir as manifestações, colocou seu secretário de Segurança Pública para dizer que a polícia de São Paulo “não tem lado” e informou que as forças de segurança atuarão para identificar os infiltrados. Um governador ressaltou ao BAF que as PMs estão “sob comando dos governadores” e disse esperar que cada um (presidente da República e governadores) permaneçam “no seu quadrado”. “É melhor para o povo e para o Brasil”, afirmou. A oposição está dividida sobre estimular a ida dos manifestantes nos protestos – principalmente numa situação de pandemia – e teme a participação de infiltrados (o que alimentaria a narrativa de que os protestos são organizados por “terroristas”). “É nosso dever prevenir que provocadores e agitadores planejem se infiltrar nos movimentos para incitar conflitos, agressões e atos de vandalismo como forma de distorcer a intenção das manifestações e dar pretextos aos que flertam com o arbítrio e ameaçam o Estado Democrático de Direito”, diz a nota assinada por líderes da oposição no Congresso. Como não houve acordo entre as partes, atos contra e a favor de Bolsonaro devem acontecer na Avenida Paulista no domingo.

Daiene Cardoso  – Direto de Brasília

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