O discurso contundente de Arthur Lira teve a preocupação com o agravamento da crise sanitária, mas também teve outro componente de insatisfação dos aliados do governo: os cargos prometidos pelo Executivo não foram entregues. Parlamentares relatam que não há problemas ainda com a disponibilização das emendas, uma vez que a partir do Orçamento aprovado agora elas passarão a ser empenhadas. Há, no entanto, desconforto de partidos relevantes do Centrão por causa da demora na entrega dos cargos. O bloco pressiona pela saída de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores sem a intenção de ficar com o cargo, afinal o objeto de desejo ainda é o Ministério da Saúde, relatam as fontes. A expectativa dos parlamentares é de que, na sequência, as atenções se voltem para as cadeiras da Educação e do Turismo. Sob influência dos líderes de bancada, o tom do discurso de Lira foi calculado. Na véspera do pronunciamento do presidente da Câmara, parlamentares ouviram dele e de Rodrigo Pacheco que não recairia sobre o Congresso os mais de 300 mil mortos pela Covid-19. Eles não precisavam de motivos oficiais mais fortes para apertar o governo.
Daiene Cardoso e Chico de Gois – Direto de Brasília