Começam a surgir vozes no Parlamento que falam abertamente na prorrogação do auxílio emergencial ao final das quatro parcelas e que classificam como um “erro” colocar na Constituição o teto de R$ 44 bi. Para esses parlamentares, a realidade econômica da população desempregada – e cada vez mais vulnerável – vai se impor no próximo semestre. A proximidade do ano eleitoral também pressionará os congressistas pela manutenção do auxílio. Dois deputados do Centrão chegaram a usar o mesmo exemplo de um paciente com Covid-19 na UTI e que precisa de um período de reabilitação para defender a extensão do benefício. Um deles afirmou que o mercado financeiro “não pode querer se enganar” achando que a ajuda vai acabar mesmo no meio do ano. Na previsão deles, se a popularidade de Jair Bolsonaro continuar em queda, o governo não terá como evitar a manutenção do auxílio. O histórico mostra que se as bases pressionarem por causa do agravamento da crise, haverá mobilização política para buscar saídas que desviem do que eles colocaram na PEC Emergencial, seja PLNs ou mesmo um novo Orçamento de Guerra. “Teremos problema fiscal este ano de novo. Vamos ter uma recessão histórica”, previu um influente deputado do Centrão. Há quem já fale em um “Plano Marshall” para o Brasil pós-Covid, que não incluiria a votação de reformas estruturantes este ano. “Vamos ter de pagar essa conta no futuro, não tem o que ser feito”, emendou o parlamentar. Essa, no entanto, é uma movimentação bem inicial e deve esquentar quando as prestações da ajuda estiverem no fim.


Daiene Cardoso e Chico de Gois – Direto de Brasília

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