Em tempos normais, qualquer campanha de vacinação no País seria marcada por um evento solene suprapartidário, de Estado, com direito até a troca de gentilezas entre adversários políticos. Não foi o que o País viu ontem. Com a rapidez de quem enxerga 2022 no horizonte, o governador tucano João Doria levou minutos para vacinar contra a Covid-19 a primeira brasileira e fez uma escolha bem simbólica. Num cenário de negacionismo e de boicote presidencial, Doria entendeu que a autorização da vacina era uma vitória pessoal dele, foi patrocinada politicamente por ele e assim seguiu com maestria a orientação de Fernando Henrique Cardoso: a de se projetar nacionalmente. Desde o início da reunião da Anvisa, a imprensa foi sendo abastecida com imagens que mostravam o secretariado de Doria acompanhando a deliberação, todos devidamente uniformizados com a propaganda da Coronavac e em clima de final de campeonato. O tucano ganhou horas de transmissão ao vivo pelas TVs, tempo que usou com precisão para rebater as acusações do governo federal. Bolsonaro se fechou e coube ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apenas o direito de espernear. O presidente da República pode até ficar com todas as doses que reivindicou, mas quem deu o pontapé inicial para o fim da pandemia no Brasil foi João Doria.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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