Assim como em outros órgãos reguladores e estatais, a Anvisa começou a reagir à interferência política, em especial agora no andamento da liberação de imunizantes para massificar a vacinação contra a Covid-19. Na semana de retomada dos trabalhos legislativos, ficou claro que a nova cúpula do Congresso está obstinada em dois temas: volta do auxílio emergencial e “vacinar, vacinar e vacinar”. Com um pé e meio no Ministério da Saúde, Ricardo Barros ameaçou enquadrar a agência caso não eliminasse as exigências para aprovar as vacinas que aguardam seu aval e disponibilizá-las em caráter emergencial. A agência também partiu para o campo político e tratou de demarcar território. Ao lado de Jair Bolsonaro, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, ouviu que a agência não pode ser pressionada. Há uma grande mobilização política em Brasília para acelerar o processo de vacinação da população e nomes conhecidos do Centrão – como o ex-governador do DF e quase presidente da Câmara, Rogério Rosso (PSD) – estão especialmente envolvidos na liberação da Sputnik V. A vacina russa surgiu no momento político onde o governo Bolsonaro tenta se contrapor à Coronavac de João Doria, por isso os esforços para se acelerar o processo de liberação da Sputnik V. E como o atraso na imunização da população vem causando estragos na popularidade do presidente da República, o mundo político escolheu um culpado para “enquadrar”: a Anvisa.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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