A isenção anunciada pelo governo de dois meses nos impostos federais sobre o gás de cozinha e diesel não devem ter grande impacto nos preços para o consumidor. A perceção da redução pode ser prejudicada com aumento do preço do barril de petróleo e também do dólar. Dessa forma, reajustes da Petrobras continuarão acontecendo e, com isso, atualizações nos valores do ICMS e também nas margens das distribuidoras e revendedoras. A ação de Bolsonaro é mais política do que prática: embora não tenha grande eficácia, ele poderá dizer que fez a sua parte e empurrará para os governadores a responsabilidade por não isentar o ICMS, algo semelhante do que vem fazendo com a pandemia. Já deu indícios de que também culpará o resto da cadeia, como os revendedores e distribuidores, que segundo o presidente fazem cartel, abusam de preços e não são fiscalizados. A decisão foi considerada populista por alguns parlamentares mais ligados ao setor, especialmente por compensar com aumento de impostos sobre bancos e retirada de benefícios tributários para a indústria petroquímica – ambos devem ser repassados a população e têm grande impacto no setor produtivo. “Ele basicamente deu aos caminhoneiros e cobrou da população”, avaliou um senador ligado à Rodrigo Pacheco.