A entrevista do ministro Paulo Guedes à Folha de S.Paulo foi hábil em desnudar a aura de liberal incorrigível do ministro da Economia. Sempre que há uma disputa em que a ala política decide avançar sobre o Orçamento, surgem especulações de que Guedes poderá sair. O mercado ainda teme a saída, mas demonstra um conhecimento muito básico do que é a aliança de Guedes com Bolsonaro. O presidente não entende nada de economia, é fato. Também é bem mais estatista do que conviria ao mercado e a aspirantes à Escola de Chicago. Mesmo assim, Paulo Guedes é liberal só na economia, e compartilha, de resto, de todas as visões sociais e políticas do chefe, no máximo discordando da forma, mas nunca do conteúdo. A entrevista mostra que ele está bem aberto a aproveitar a folga do teto de gastos para enxurrar os esforços de reeleição do presidente – fazendo concessões políticas, anabolizando programas sociais. Só cobra alguma reforma em troca do Congresso e, o Centrão sendo o mesmo de sempre, provavelmente entregue alguma reforma vistosa em troca de nacos consideráveis de verba pública para as bases. Guedes segue afinado com o governo, disparando contra Mandetta e Maia, e poupando a atual cúpula do Congresso. É um Guedes de olho no naco de poder que detém para além de 2022.

Mário Sérgio Lima – Direto de Brasília

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