Após os acordos anunciados no começo da semana, o Orçamento sancionado com vetos parciais não foi uma grande surpresa, mas mostram, na prática, um governo que vai operar no limite de um shutdown da máquina pública e que vai ter de contar com ventos favoráveis para poder descontingenciar aos poucos o valor que foi bloqueado, de cerca de R$ 9 bi. No entanto, apesar de o acordo garantir, entre vetos e bloqueios, um valor de R$ 28,1 bi, esse patamar está abaixo do que foi calculado pelo IFI do Senado como necessário para manter a máquina funcionando, que era de R$ 31 bi. No todo, foi o acordo salomônico, que preserva compromissos políticos, garantindo alguma boa vontade no Congresso, não expõe o governo a sanções e privilegia o ministro Paulo Guedes. Mas como foi tudo no fio da navalha, sobra pouco para possíveis acordos futuros e, com uma CPI no Congresso, o risco de que o apetite do Congresso aumente a fatura é real. E não há espaço dentro do teto de gastos para isso.
Mário Sérgio Lima – Direto de Brasília
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