Com sua sólida experiência jurídica, Rodrigo Pacheco (DEM/MG) ganhou notoriedade ao presidir a CCJ da Câmara em seu primeiro mandato como deputado. O então parlamentar pelo MDB mostrou habilidade política ao conduzir as duas denúncias contra Michel Temer, acenando em determinados momentos para a opinião pública, outros compondo com a maioria interna. A partir dali, ganhou a admiração de colegas pela capacidade de conciliação, de cumprir compromissos com a base aliada e a oposição, de previsibilidade e de esgotamento do diálogo. Aliás, ganhou a simpatia da oposição porque sempre foi crítico da espetacularização e dos excessos da Operação Lava Jato. Sem legenda para disputar voos mais altos nas eleições de 2018, Pacheco deixou o MDB e migrou para o DEM mineiro, que atualmente preside. Quando o STF vetou a reeleição de Davi Alcolumbre, o então cabo eleitoral do presidente do Senado passou a integrar uma lista de possíveis candidatos, mas não encabeçava a lista, se considerava um novato no Senado para disputar. Foram antigos aliados da Câmara e que hoje estão no Senado que apontaram nele o perfil ideal de apaziguador para substituir Alcolumbre, um senador capaz de conversar com Jair Bolsonaro e manter bom trânsito com a oposição. Diferentemente de Alcolumbre, Pacheco deve dar mais atenção para os assuntos nacionais e não vai se esforçar para levar adiante a agenda conservadora da base ideológica do governo. Antigos colegas acreditam que é mais fácil Arthur Lira impor limites a Bolsonaro que Pacheco, mas o senador tem dado declarações indicando que está disposto a atuar de forma independente do Palácio do Planalto. “No ambiente democrático há divergências. Essas divergências, às vezes, derivam para atritos, às vezes mais ríspidos, mas não é passar a mão na cabeça de ninguém, nem pano naquilo que esteja errado. Nós temos que apontar, ser crítico, tomar providência em relação àquilo que for equívoco”, disse em recente entrevista.
Daiene Cardoso – Direto de Brasília
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